Trabalhar em família: entre o céu e o campo minado
Trabalhar com quem você ama pode parecer o cenário ideal: confiança pré-estabelecida, intimidade emocional e uma comunicação quase telepática. Mas, no mundo dos negócios familiares, essa proximidade pode ser um tiro pela culatra se não houver estrutura. E rápido.
De um lado, temos a grande força dos laços familiares: lealdade, senso de missão comum, disposição para o sacrifício em prol do coletivo. Conheço negócios onde um irmão assumiu a operação durante uma crise de saúde do outro sem nem pestanejar porque ali, antes do CNPJ, há um CPF com afeto.
Mas, do outro lado, mora o calcanhar de Aquiles da empresa familiar: a mistura entre afeto e gestão. Conflitos pessoais antigos voltam à tona em reuniões decisivas. Hierarquia vira tabu. E o que deveria ser uma tomada de decisão estratégica vira uma DR disfarçada de reunião de diretoria.
O que costuma dar errado?
- Ausência de papéis claros: Quem manda em quê? Quem toma a decisão final? Quando isso não está definido, reina o caos. É o primo que opina no financeiro sem entender de fluxo de caixa. É o sogro que interfere na contratação sem ser gestor.
- Comunicação emocionalizada: Discussões que deveriam ser técnicas viram debates passionais. Já vimos irmãos gritarem em reunião por decisões que envolviam menos de R$ 5.000 não era sobre o valor, mas sobre quem “sempre teve razão” desde a infância.
- Falta de um espaço neutro: Quando a única sala de reunião é a mesa de jantar da família, a objetividade vai embora. O clima de Natal vira briga de sócios e, no fim, o até o arroz agrega fica com gosto de ressentimento.
E o que fazer para dar certo?
Na Jovi Consultoria, atuamos exatamente nesse território delicado, ajudando famílias a resgatarem o melhor dessa união com estrutura e estratégia. Aqui vão algumas ações que aplicamos com sucesso:
- Criação de um Acordo Familiar de Convivência Profissional: Parece algo simples, mas muda tudo. É um documento que define horários de trabalho, responsabilidades, regras para promoções internas e até como serão resolvidos conflitos. A família vira empresa, sem deixar de ser família.
- Rodadas de escuta ativa entre os membros: Às vezes, só de ter um espaço mediado para cada um falar o que espera do negócio e da relação, já se evitam futuras explosões. Reunimos pais e filhos para construírem juntos uma Visão 2030 — e saíram mais unidos do que nunca.
- Separação de papéis familiares e empresariais: Ser pai em casa e CEO na empresa são coisas diferentes. A transição de um papel para o outro precisa ser clara, consciente e muitas vezes treinada.
Conclusão direta:
Trabalhar em família dá certo, sim mas não no improviso. Quando há estrutura, diálogo e respeito aos papéis, a empresa cresce e a família se fortalece. O contrário também é verdade: sem regras, até o maior amor vira ruído.
Na Jovi Consultoria, ajudamos empresas a transformarem os vínculos em vantagem competitiva. Com método, clareza e humanidade.
Porque o que deveria unir, não pode mais separar.